quinta-feira, 26 de março de 2015

A Luta Diaria

Hoje no meio da tarde eu estava andando pelo patio, na correria de um dia qualquer, indo ao banheiro pra colocar a cabeça no lugar, vasculhei ao meu redor, e acima do mar de milho recem geminado, o Sol tentava rasgar o espesso manto de nuvens acizentadas que se estabelecem no céu todos os dias nesse Xingu velho. A imagem daquela grande bola amarela toldada pela camada de vapor no céu finalmente me disparou um animo pra escrever sobre esse lugar. Veremos até quando dura.

Sentado aqui, depois de acertar as papeladas atrasadas, ouvindo os ultimos caminhões do dia passando para descarregar percebo que uns meses atras eu era só mais um boemio cult do interior de São Paulo. Passaram-se dois meses e aqui estou, mais um louco vivendo a Febre da Soja™.

Esse lugar tem uma aura especial. Os mais misticos dirão que é a aura magica da floresta que antes existia aqui(Por mais que tudo fosse um grande pasto com poucas arvores), outros culparão a falta de infra estrutura. Eu só digo: O Xingu é especial, e é por uma combinação gigante de coisas. Aqui as coisas funcionam quando querem. O Xingu tem vontade própria. Alguns dias o Xingu vence, outros ele te deixa vencer, mas na maioria dos dias voce não sabe qual foi o resultado.

No fim do dia me olho no espelho, vejo minha postura abatida. Meus chefes, um deles não para de tirar o boné para coçar a cabeça, o outro claramente com os olhos mais baixos, ombros ligeiramente retraidos e voz pesada.

Os motores cessaram, os ultimos peões gritam organizando sua ida para casa, e eu concluo: Estamos aqui por ego, hoje estamos langorosos, mas isso é só combustivel, amanhã enquanto o sol tenta rasgar as nuvens vindo do leste já estaremos de pé de novo. De peito aberto, reunidos, prontos para enfrentar o Xingu, lutando de novo, nos arrastando nessa guerra até o limite pessoal da psique, ou até a vitória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário